terça-feira, 22 de setembro de 2009

Virando o jogo

Domingo, 20 de setembro, na programação do dia a Virada Esportiva. O Parque da Independência foi palco de uma descontraída competição onde skatistas convidados disputaram quem venceria nas modalidades High Jump, High Ollie, High Distance e Game of S.K.a.t.e., e a ladeira do parque estava liberada para o Downhill e Speed.

Depois de um certo tempo assistindo e fotografando o evento resolvi ir para uma área mais tranqüila com minha esposa e minha filha para podermos nos divertir juntos, sem a agitação da competição. Fomos para a parte baixa do parque, onde minha filha, com o apoio e estímulo de minha esposa pela primeira vez se equilibrou em cima de um skate. Percebi em sua expressão a alegria de apenas conseguir se equilibrar e registrei em foto esse momento.

Foto: Fernando Arata


Alguns minutos depois outra cena fez com que eu me interessasse em registrar. Longe dos flash’s e holofotes da competição que estava acontecendo crianças carentes aprendiam as suas primeiras manobras no skate. Da mesma maneira que minha filha, porém para elas a oportunidade estava sendo oferecida, e não por meios próprios. Umas descalças, outras não, mas em todas se via o brilho no olhar e o sorriso fácil. O que elas não se davam conta é que muito mais que ollies ou qualquer outra manobra que estavam aprendendo, o objetivo do skate naquele contexto era o de através da disciplina que envolve a sua prática fazer delas pessoas do bem.

Foto: Fernando Arata Martins


Entre elas estava Sandro Soares dos Santos “Testinha”, seu projeto social eu conhecia apenas por matérias que havia lido e pela sua coluna na revista Tribo Skate. Confesso que algumas vezes não li seus relatos, mas estava naquele momento vendo na prática o que só havia visto por textos e fotos. Tão logo tirei a câmera da bolsa e fiz os primeiros registros o Sandro percebeu que eu estava fotografando eles, veio até mim e pediu que tirasse algumas fotos, pois no momento eu era a única pessoa que estava ali e poderia registrar a aula, mas isso eu já estava fazendo.

O que mais me impressionou foi o fato do Sandro “Testinha” ter saído da área de competição, onde poderia estar curtindo com os amigos, para dar aula para as crianças. Percebi que ele se dedica não por qualquer que seja a sua obrigação, e sim por que ele gosta e se sente bem com o que está fazendo. Cheguei a essa conclusão não pelas poucas palavras que trocamos, mas pela maneira que conduzia a situação, como por exemplo, pelo fato de não haver skates disponíveis para todos, e a primeira lição passada por ele é a de saber dividir.

Por mais que qualquer outra pessoa tenha lido mais e saiba mais sobre ele, naqueles não mais que vinte minutos pude realmente perceber a importância que o Sandro tem para a formação daquelas crianças. Dou-me o direito de dizer que para algumas ele represente talvez a salvação.

Atitudes falam por si só, e aqueles vinte minutos ganharam o meu respeito e admiração.

Havia também um outro instrutor com quem não cheguei a conversar e não sei o nome, que da mesma maneira que o Sandro estava se doando para quem sabe mudar o destino daquelas crianças, trilhando seus caminhos através das manobras do bem."

Foto: Fernando Arata Martins
Foto: Fernando Arata Martins
Foto: Fernando Arata Martins


Fernando Arata

Um comentário:

Anônimo disse...

mto da hora sua percepção!