domingo, 14 de setembro de 2008

Entrevista - Fernando “Chero”

Texto e fotos: Fernando Arata

Fernando, que é estudante de publicidade e propaganda, idealizou o Zine Go Underground Mag. Sua iniciativa é simples, criar espaço à divulgação da cena underground. Além disso, é skatista e integrante como guitarrista em uma banda hardcore, chamada Preludio, entre outras coisas.

Fernando parece ter uma mente inquieta, entrevistando ele vamos tentar tirar isso a limpo.

Fernando "Chero"


Quem é Fernando “Chero”? Como é seu dia a dia?
Fernando “Chero”: Fernando Chero é um cara baixinho e emburrado. Hahaha. Agora falando em primeira pessoa, sou de São Paulo, vivo e pratico o universo do skate e da música alternativa, estudo publicidade e propaganda e me interesso por centenas de outras coisas diversas, desde fotografia até política. O dia a dia é maçante e rotineiro, como qualquer outro em São Paulo. Agora que estou trabalhando apenas com o zine, há muita correria atrás de conteúdos, pessoas, marcas e detalhes, mas vez ou outra tem um role de skate, também um show ou outro. É assim.

Você é estudante de publicidade e propaganda, existe uma área específica que deseja atuar após se formar? Você vai direcionar seu trabalho, ou é uma pessoa aberta a áreas que não tem nenhuma experiência?
Fernando “Chero”: Na verdade eu descobri que a publicidade é algo muito maior do que parece ser à primeira vista. Por isso ainda não sei direito onde vou atuar dentro disso tudo, tem bastante coisa interessante. Por enquanto procuro absorver o máximo que consigo de teoria (e as vezes até prática) com relação à comunicação, para conseguir ter certeza de qual dos caminhos é a minha cara.

Como surgiu a idéia de criar o Go Underground Mag? Qual é o público, o foco do Zine?
Fernando “Chero”: A Go é a materialização da vivência e do aprendizado acadêmico. A idéia é bem essa. O zine é direcionado a toda espécie de ser humano que goste de ler algo verdadeiro para variar um pouco. A galera jovem é a que vai se interessar mais, mas acredito que não existam restrições ou moldes para o público da Go. A própria Go não tem.

A Go é feita em sua casa


A primeira edição, a Go#01, está nas ruas, qual foi a sua repercussão? Ela tem sido bem aceita? Quais eram as suas expectativas quanto ao seu lançamento e houve algo que te surpreendeu?
Fernando “Chero”: Bastante gente falou bem, apoiou e até divulgou. Eu achei sensacional! Espero que a Go faça por merecer tudo isso! A expectativa que você tem quando aposta em algo, sempre é das melhores, e de uma certa forma, essa expectativa foi atendida. Por outro lado, deu para sentir também que a galera no geral não está muito ligada no lance da leitura. Achei curioso, pois quando falamos de skate e do mundo alternativo, tratamos com pessoas no mínimo críticas, que sabem muito bem de quem e do que estão falando. Por isso achei que rolaria um interesse maior por parte dessas pessoas, em um meio de comunicação que trata somente sobre o universo do qual elas participam. Mas é atrás disso que eu vou correr nas próximas edições da Go.

Quais foram as dificuldades iniciais e quais são as que ainda tem que transpor, para que o Zine chegue onde você almeja?
Fernando “Chero”: A primeira dificuldade foi achar anunciantes para viabilizar a confecção da primeira edição. Nenhum lojista ou empresário quer apostar suas fichas divulgando em um meio desconhecido. Aliás, fica aqui também uma espécie de apelo a respeito disso: seria válido que os empresários percebessem que para vender seus produtos, é necessário expô-los. Ainda mais quando o produto é dirigido e o público é exigente e específico. Parece óbvio, mas também parece que grande parte deles não enxerga. Enfim, essa dificuldade acredito que ainda vou achar durante algum tempo, mas além dessa, existe também o lance das entrevistas e matérias. Apesar de gostar das pessoas com as quais faço as matérias, e também de todo o trabalho que envolve isso, nada muda o fato de que eu faço publicidade, e não jornalismo. Hahaha. Mas estou pegando o jeito da coisa. Nada como você fazer o que gosta.




Fale sobre a mídia independente, você acredita que para chegar ao “tão sonhado” sucesso é preciso expor o trabalho nos veículos especializados? No caso da cena underground, você acredita que com a exposição de trabalhos na mídia especializada, quem se diz alternativo perderia sua identidade?
Fernando “Chero”: A mídia independente é como o próprio meio: Faça você mesmo. Existe muita coisa legal. Uma delas é que você não recebe a notícia distorcida pelo interesse de alguma empresa ou coisa do gênero que esteja por trás. Mas por outro lado, há alguns pontos negativos, como o fato de não ter a devida infra-estrutura ou até mesmo poder de alcance, a ponto de termos de fato um meio de comunicação significativo para nós. Eu acredito que a grande mídia vende notícias e conteúdos, ao invés de apenas publicá-los. Digo isso pensando na tal da identidade perdida. Quando era interessante para a mídia, que o skate fosse marginal, ele era. Hoje é o contrário e é assim que funciona. Você fica na mão do vai e vem de interesses.

Você atua como guitarrista na banda Preludio, há quanto tempo toca guitarra? Há algum outro instrumento que saiba tocar? Quais são as pretensões da banda e aonde já chegaram? Qual o objetivo de vocês para o futuro?
Fernando “Chero”: Nossa, não lembro ao certo, mas devo tocar guitarra a uns 7, 8 anos. Toco também alguma coisa de bateria e baixo. Nada técnico, puro feeling. Hahaha. Não sei se conseguiria definir aonde o Preludio já chegou, mas lançamos nossa demo em 2006 e de lá pra cá estamos em uma corrida frenética de evolução própria, shows e amizades. Estamos quase lançando o nosso primeiro cd, que foi gravado com muito suor e carinho por cada um de nós e nessa ocasião contou com a produção do Hóspede, que já trabalhou muito dentro do hardcore e por isso deu toques bem legais no disco. Objetivos? Lançar esse trabalho e comer muita estrada. Ser o que somos, tanto musicalmente quanto pessoalmente, como sempre foi, e colher os frutos da sinceridade.

Existe alguma relação da banda com o Zine? A banda tem dificuldades para divulgar o trabalho?
Fernando “Chero”: A relação dos dois é de amizade e companheirismo sempre. Os caras me dão uma ajuda inacreditável no projeto do zine, levam pra show, divulgam. Agora, com relação às dificuldades, são várias. Começa pela própria vertente de som, que não é das mais ouvidas por aqui, junto com a escassez de meios dirigidos, de casas de shows, de organizadores descentes. Ah, tem bastante coisa pra meter o pau, mas nós preferimos começar a fazer algo à respeito disso tudo do que ficar apenas falando mal.

Você também anda de skate, desde quando? É um skatista que se dedica ou apenas curti sentir a liberdade quando está em cima de um? Defina seu skate.
Fernando “Chero”: Desde 1999 estou em cima do carrinho e sou exatamente o tipo de skatista que gosta de sentir a liberdade exalada pelo board. Meu skate sou eu. As vezes medroso, as vezes atirado, as vezes revoltado, técnico. Meu skate é além de tudo, a minha expressão.

Quais são as pessoas que te apóiam no que faz? O quanto isso é importante para você?
Fernando “Chero”: Minha mãe sem dúvida alguma é a que mais apóia. Não só no zine, mas no skate também, desde o início. Meus amigos também estão sempre lado a lado e de uns tempos para cá também surgiram raras boas pessoas em meu caminho que vem compondo o diferencial da jornada da Go. A importância disso, é que simplesmente o zine não existiria se não contasse com todas essas pessoas. Sempre me perguntam se sou eu que estou fazendo a correria do zine e tal, e eu respondo que sim, mas que conto sempre com aqueles que colaboram direta e indiretamente para isso. É legal, pois ninguém tem obrigação nenhuma de fazer esse tipo de coisa. Quando acontece, dá pra notar que é de coração, e não há nada melhor do que isso para mim.

Deixe suas considerações finais.
Fernando “Chero”: Muito obrigado senhor “Miag”, mais conhecido como Fernando Arata, e pessoal do SkateEmFoco pela entrevista e é isso aí! Andem de skate com o coração e usem isso para o resto da vida. Faça o que fizer, que seja com o coração. Não há como enganar ele! Abração.

Preludio - Ação e Reação, no Kazebre


Para entrar em contato com Fernando “Chero”:

e-mail: go_mag@hotmail.com
Telefone: (11) 8622-2778
Fotolog:
http://www.fotolog.com/goingfast
Blog:
http://goundergroundmag.blogspot.com/

Preludio (MySpace):
http://www.myspace.com/preludiorock
Preludio (Fotolog): http://www.fotolog.com/preludiorock
Preludio (Youtube):
http://br.youtube.com/user/preludiorock

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